Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PROMOÇÃO DE RESILIÊNCIA

A conclusão de que resiliência emerge de processos comuns oferece uma visão bem mais otimista que a idéia de que processos extraordinários estariam envolvidos nessa superação das dificuldades. A tarefa dos pesquisadores agora é delinear como os sistemas adaptativos se desenvolvem sob diversas condições, como eles funcionam a favor ou contra o sucesso para uma dada criança em seu ambiente ou contexto de desenvolvimento e como ela pode ser protegida, reabilitada, facilitada e desenvolvida em sua vida.
Grotberg afirma que as crianças precisam se tornar resilientes para superar as muitas adversidades que lhes fazem face e que vão enfrentar na vida: elas não conseguem enfrentá-las sozinhas. Elas precisam de adultos que saibam como promover resiliência e estão, de fato, tornando mais resilientes a eles mesmos. Mas essa autora questiona como os pais e outros cuidadores respondem a situações e como eles podem ajudar a criança a responder, separar aqueles adultos que promovem resiliência em suas crianças daqueles que colocam barreiras ao crescimento ou enviam mensagens confusas, ambos promotores ou inibidores de resiliência (Grotberg, on line). Os adultos podem ajudar crianças a identificar comportamento resiliente mais facilmente neles mesmos e nos outros quando eles conhecem o conceito de resiliência e a que ele se aplica, reconhecendo as opções para agirem de maneira que ajudem as crianças no enfrentamento das crises com mais força.
Como definir o conceito de resiliência a fim de fazê-lo funcionar para educadores e promotores de políticas públicas? Alguns termos comuns a resiliência são enfrentamento (coping) positivo, persistência e adaptação positiva, limpando todo o ranço ideológico que esses termos podem carregar consigo. Essa aproximação é parecida com a que o educador tenta realizar para melhorar a auto-estima de seus alunos para que seu rendimento escolar melhore. A questão é que isso não se ensina, assim como resiliência não se ensina, não é algo que se realize para o aluno, mas que se promove junto a ele. A forma de se promover resiliência está em possibilitar ao aluno um processo de desenvolvimento pelo fortalecimento de fatores de proteção, principalmente em momentos de crise. Nesse caso, não somente observando e anotando suas qualidades individuais, mas também a qualidade do contexto em que ele vive, sua interação com esse contexto e a existência de políticas públicas que qualificam positivamente essa interação. E esses fatoress de proteção precisam ser reforçados o tempo todo, pois caso contrário não conseguirão resultado positivo a curto ou médio prazo. Assim, a promoção de resiliência, no caso da escola, envolve toda a comunidade e exige mudanças em vários níveis: no aluno, no professor, na direção e nos estruturadores de políticas públicas em geral.
A mudança nessa visão de como promover fatores de proteção e estimular resiliência no aluno apresentam várias características que podem animar ou desanimar os estudiosos e promotores de resiliência. Três delas se ressaltam: 1- o processo de resiliência tem base desenvolvimental e, portanto, é de longo prazo; 2- o processo focaliza mais os aspectos positivos (fortalezas e habilidades) da criança que seus aspectos negativos (déficits); 3- O processo alimenta fatores de proteção para que a criança obtenha sucesso, através de mudança de funcionamento, estruturas e crenças tanto da escola quanto da comunidade (Winfield, on line).
A partir disso, trabalhar com resiliência mostra também a possibilidade de se promover saúde com base em seus pressupostos. É uma proposta de se trabalhar não sobre os fatores de risco que cercam crianças ou adolescentes (eventualmente adultos e idosos), mas sobre a capacidade que eles possuem para enfrentá-los, colocando em jogo suas capacidades individuais e os recursos que conseguem obter de seu ambiente. A proposta é reconceituar a experiência traumática a partir de um modelo mais saudável que, baseado em métodos positivos de prevenção, leve em conta a habilidade natural dos indivíduos de confrontar, resistir e inclusive aprender e crescer com as situações mais adversas. As investigações em resiliência têm mudado a forma como se percebe o ser humano: de um modelo de risco baseado nas necessidades e na enfermidade para um modelo de prevenção e promoção baseado nas potencialidades e nos recursos que o ser humano tem em si mesmo e ao seu redor.
Portanto, o modelo de promoção está comprometido com a maximização do potencial e do bem-estar dos indivíduos em risco e não apenas com a prevenção dos problemas de saúde. É mais consistente com o modelo de resiliência, que focaliza a construção de fatores de resiliência, comprometendo-se com o comportamento resiliente e com a obtenção de resultados positivos, incluindo um valor agregado de bem-estar e qualidade de vida. A resiliência é efetiva não apenas para enfrentar adversidades, mas também para a promoção da saúde mental e emocional, pois pode reduzir a intensidade do estresse e sinais emocionais negativos, como ansiedade, depressão ou raiva (a resiliência tornou-se um conceito importante no desenvolvimento infantil e na teoria e pesquisa de saúde mental). Uma segunda geração de pesquisadores expandiu o tema da resiliencia em dois aspectos: a noção de processo, que implica a dinâmica entre fatores de risco, e de resiliência, que permite ao individuo superar a adversidade, e a busca de modelos para promover resiliência de forma efetiva em termos de programas sociais.(Infante, 2005).
Na área de intervenção psicossocial, a resiliência tenta promover processos que envolvam o individuo e seu ambiente social, ajudando-o a superar a adversidade (e o risco), adaptar-se à sociedade e ter melhor qualidade de vida. Durante as duas últimas décadas, o foco do trabalho empírico também se transferiu da identificação de fatores de proteção para a compreensão dos fundamentos dos processos de proteção. Mais do que simplesmente estudar qual criança, família e fatores ambientais estão envolvidos na resiliência, os pesquisadores estão cada vez mais empenhados em compreender como tais fatores podem contribuir para conseqüências positivas. Tal atenção para fundamentar mecanismos é visto como essencial para o avanço da teoria e pesquisa nesse campo, assim como para desenhar estratégias de prevenção e de intervenção apropriadas para sujeitos enfrentando adversidades (Luthar, Cicchetti & Becker, 2000).
É também possível prevenir fatores de risco de ocorrerem no geral, como quando um cuidado de pré-natal é oferecido à população como uma intervenção preventiva para o nascimento prematuro, um fator de risco conhecido para o desenvolvimento da criança. Ações de prevenção desse tipo (onde o fator de risco é evitado) podem ser difíceis de serem detectadas em estudos de superação natural, dado que se procura mostrar algo que não ocorreu (Masten, 2001, p. 230). Concluindo com Cyrulnik: “Quando os profissionais forem menos incrédulos, escarnecedores ou moralizadores, os feridos empreenderão processos de reparação muito mais cedo do que hoje. E, quando os que tomam as decisões sociais aceitarem dispor simplesmente em torno dos prejudicados alguns lugares de criações, de palavras e de aprendizagens sociais, será uma surpresa ver que um grande número de feridos conseguirá metamorfosear seu sofrimento para fazer dele uma obra humana, apesar de tudo” (Cyrulnuk, 2004).

BIBLIOGRAFIA
CYRULNIK, B., Os Patinhos Feios, Martins Fontes, São Paulo, 2004;
GROTBERG, E.H., A Guide to Promoting Resilince in Children: Strengthening the Human Spirit, acessado em junho de 2008 e disponível em http://resilnet.uiuc.edu/library/grotb95b.html;
INFANTE, F., A Resiliência Como Processo: uma Revisão da Literatura Recente, in MELILLO, A. et all, Resiliência, Descobrindo as Próprias Fortalezas, Editora Artmed, Porto Alegre 2005;
LUTHAR, S., CICCHETTI, D, BECKER, B., The Construct of Resilience: A Critical Evaluation and Guidelines for Future Work, in Child Dev.71(3): 543–562. 2000;
MASTEN, Ann S., Ordinary Magic: Resilience Processes in Development, in American Psychologist, March, 2001;
WINFIELD, L., Developing Resilience in Urban Youth, acessado em agosto de 2008 e disponível em http://www.ncrel.org/sdrs/areas/issues/educatrs/leadrshp/le0win.htm.

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