Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

domingo, 4 de setembro de 2011

RESILIÊNCIA COMUNITÁRIA


A resiliência comunitária, essa capacidade sustentada de uma comunidade para suportar e superar as adversidades de todos os tipos, tem se tornado uma questão política fundamental nos últimos anos. No entanto, não existe muita clareza com relação a qual é o processo a ser percorrido pela comunidade para se tornar resiliente, ou seja, quais as ferramentas para ela se recuperar rapidamente de um desastre. Sabemos que comunidades pobres e mais vulneráveis tendem a se recuperar de forma lenta; no entanto, dependendo do seu acesso a recursos sociais, sua recuperação pode ser acelerada.

A expansão do conceito de resiliência do nível familiar para o nível da comunidade tem apresentado algumas dificuldades, pois esse desenvolvimento tem ocorrido bem recentemente e apresenta uma tendência de se ver a resiliência comunitária como somente o fato da comunidade estar promovendo a resiliência das famílias e dos indivíduos que a compõem.

Maior atenção foi sendo dada à comunidade como uma fonte de fatores protetores, conforme a teoria da resiliência evoluiu. Em particular, o suporte social tem sido bem explorado, pesquisado e documentado, sendo localizado fora dos limites da família imediata, ou seja, as pessoas tem buscado recurso na família estendida, nas comunidades religiosas, na comunidade local, na comunidade do trabalho, etc.

Dentro da comunidade, a função do apoio social é operar na redução do estresse, melhorando o ajuste entre a pessoa e o meio ambiente. Isso ocorre de duas maneiras principais: quando uma pessoa recebe incentivo para sua auto-confiança e suporte emocional ela consegue se adaptar melhor às agressões ambientais, experimentando menos estresse; e uma pessoa que tenha suporte de rede (e, portanto, um sentido de participação na tomada de decisões) está em melhor posição para assumir o controle do estresse e alterar o estressor ambiental. Ou seja, as pessoas que recebem suporte social são teoricamente mais capazes do que pessoas que não recebem para se adaptar e/ou modificar estressores ambientais, acomodando-se mais facilmente ao ambiente. Isso resulta em melhor ajuste e funcionamento psicossocial.

É preciso ter em conta que resiliência comunitária implica o contínuo desenvolvimento da capacidade da comunidade para compreender suas vulnerabilidades e refinar habilidades que a auxiliem para prevenir, suportar e mitigar o estresse de um incidente qualquer, recuperar-se de uma forma que retorne a um estágio de auto-suficiência e ao menos ao mesmo nível de funcionamento social de antes do incidente e usar o conhecimento de uma resposta anterior para fortalecer sua habilidade de suportar o próximo incidente.

A saúde física e psicológica da população são componentes-chave da resiliência comunitária que, se estiverem inadequadas, afetam diretamente a vulnerabilidade da comunidade antes do desastre e sua capacidade de recuperação. Outros componentes são: comunicação efetiva sobre o risco; nível de integração social de organizações governamentais e não governamentais em planejar, responder e se recuperar; e a conectividade social dos membros da comunidade (CHANDRA et all, 2011).

Nesse sentido, para desenvolver sua resiliência, a comunidade deve obter a participação ativa dos seus membros no planejamento das atividades em geral e, principalmente, nos eventos de prevenção, desenvolver redes sociais (incluindo um senso de pertencimento e envolvimento e integração com a vizinhança), criar planos e programas para encaminhar e suportar as necessidades funcionais de indivíduos em risco (incluindo crianças) e colocar em funcionamento planos que respondam efetivamente às necessidades de saúde física e psicológica dos membros da comunidade no pós-desastre (enfatizando a parceria entre as organizações, incluindo um plano de prevenção integrado, com exercícios e acordos).

A educação na oomunidade é um processo contínuo em que a comunidade adquire conhecimento sobre os papéis, responsabilidades e expectativas para a preparação individual, bem como as maneiras como os indivíduos podem trabalhar em conjunto com outros membros da comunidade para responder e se recuperar de um incidente qualquer.

Outras estratégias para a comunidade se comunicar eficazmente com seus membros em situação de risco incluem o seguinte:

• Trabalhar as normas e crenças individuais na elaboração de mensagens de comunicação de risco;

• Identificar fontes confiáveis de informação e incentivar a comunicação aberta durante uma crise;

• Identificar e treinar membros da comunidade e usá-los para transmitir mensagens de saúde pública durante uma crise;

• Construir a confiança antes de um desastre através de parcerias com a comunidade.

A resiliência de uma comunidade repousa sobre sua capacidade de aproveitar seus próprios recursos internos frente às adversidades, sendo também capaz de rapidamente restaurar um estado de auto-suficiência após uma crise. Tendo em conta estes atributos, o envolvimento do cidadão participativo na tomada de decisões para atividades de planejamento, resposta e recuperação é especificamente identificada como um tema-chave, implicando a participação ativa de moradores da comunidade na resposta e no planejamento dessa recuperação (CHANDRA et all, 2011).

Por fim, é preciso um olhar renovado das políticas públicas para as fortalezas existentes na comunidade, utilizando-se da resiliência comunitária para prepará-la para a prevenção e o enfrentamento de crises, propiciando uma saúde física e psicológica que previnam seu adoecimento.

BIBLIOGRAFIA

CHANDRA, A. et all. Building Community Resilience to Disasters A Way Forward to Enhance National Health Security, Randy Corporation, 2011;

VANBREDA, A. Resilience Theory: A Literature Review with special chapters on deployment resilience in military families. South African Military Health Service, Military Psychological Institute, Social Work Research & Development, October 2001.