Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

POR QUE PESQUISAR RESILIÊNCIA?

O campo de pesquisa em resiliência ainda é recente. Os conceitos precisam ser afinados, novas pesquisas precisam ser realizadas para confirmar os achados, os projetos precisam encontrar sustentabilidade. Enfim, apesar dos esforços dos pesquisadores nas últimas três décadas por compreender como pessoas (principalmente crianças e adolescentes) conseguem continuar saudáveis em meio a uma série de adversidades, que, em outros contextos e para outras pessoas, poderiam ser devastadores, ainda há muito a compreender e agir sobre esse fenômeno. No entanto, já é consenso no meio acadêmico que o conceito de resiliência veio dar uma grande contribuição para essa compreensão e para a promoção de proteção a essas pessoas. Como afirma Masten (Masten,2001), encontrar pessoas resilientes não é uma tarefa difícil, pois elas estão em toda parte, realizando sua “mágica cotidiana”, conseguindo uma adaptação positiva no seu cotidiano adverso; a dificuldade é compreender o que as faz tão fortes, quais são os fatores implicados nessa capacidade de superar os obstáculos e ainda ser fortalecidas por eles e como promover fatores de proteção para pessoas nessas condições.

Outra dificuldade ao se realizar pesquisa sobre resiliência é que esta ocorre durante um longo período e depende da presença de intervenções positivas da parte de uma pessoa ou instituição consideradas importantes em momentos críticos da vida do sujeito, contrapondo-se aos riscos e vulnerabilidades sofridas por ele. E mais: Indicações de resiliência requerem mais que resultados alcançados em testes num dado momento, embora eles sejam bons indicadores desse alcance. Geralmente são necessárias pesquisas longas, se possível longitudinais, para a compreensão de todos os fatores envolvidos no processo de resiliência.

Quando consideramos resiliência como processo, além de reconhecermos as fontes de adversidade, precisamos também especificar, através de modelos teóricos ou de pesquisas empíricas, como essas variáveis atuam dinamicamente entre si e se relacionam com o que se define como risco social e como adaptação positiva. Quanto à adaptação positiva ou resiliente, é importante considerar seu aspecto ideológico, a heterogeneidade nas diferentes áreas do desenvolvimento humano e a variabilidade ontogenética. Principalmente com relação à ideologia, corre-se o risco de se patologizar aqueles sujeitos que não se conformam às normas, catalogando-os como não-resilientes, mantendo-se a ênfase no indivíduo e não nos processos sócio-culturais em que ele vive (Yunes, 2001; Infante, 2005).

A compreensão de processos contribuindo para uma adaptação positiva sob condições de adversidade pode ajudar a expandir a compreensão dos processos de desenvolvimento que podem não estar evidentes em ambientes normais. Além disso, compreender casos de pessoas que não sucumbem a conseqüências negativas engendradas por processos de risco pode ser crítico na expansão de nosso entendimento de como os processos de risco funcionam.

A tarefa dos pesquisadores é encontrar uma correlação adequada entre os aspectos genéticos e ambientais no desenvolvimento do sujeito, para que a partir desse ponto se possa compreender os determinantes do processo de superação das dificuldades e, com isso, poder inclusive formular políticas públicas de promoção de resiliência. Para tanto é preciso avançar na pesquisa e na elaboração de teorias a respeito desse processo, algo que tem despertado o interesse principalmente dos psicólogos do desenvolvimento há algumas décadas. Segundo Garcia (Garcia, 2001), “os estudos sobre resiliência permitem uma melhor compreensão a respeito da realidade das crianças e adolescentes da nossa sociedade, que vivem em condições de vida precárias e adversas”. Sugere que devemos direcionar nossas ações sempre num enfoque preventivo, que visem à promoção do bem estar e da saúde para uma melhor qualidade de vida.

Aplicar um sistema de resiliência implica ter atenção para as conseqüências positivas na presença de adversidade em geral e no específico e para o conhecimento empírico adquirido sobre vulnerabilidade e mecanismos de proteção aparentes em condições de risco particulares. De uma perspectiva da intervenção, as implicações são enxergar as competências do indivíduo no enfrentamento dos riscos e promover prevenção, valorizando os aspectos positivos desse enfrentamento e não enfatizando suas dificuldades frente às adversidades (Luthar & Cicchetti, 2000). Ainda: é preciso fugir de uma pesquisa meramente descritiva para focar na elucidação dos questionamentos sobre os processos desenvolvimentais, compreendendo como os mecanismos de proteção funcionam para determinado sujeito em determinada situação de risco.

Alguns autores (Luthar e Cicchetti, 2000) acreditam que apesar das muitas contestações ligadas aos estudos do conceito de resiliência (às quais eles mesmos dão algumas respostas), a continuidade dos trabalhos científicos nessa área é de imenso valor e a continuidade da investigação sobre riscos e processos de proteção possui um grande potencial para expandir a teoria do desenvolvimento e sugerir caminhos úteis de intervenção. E como a maioria das sociedades está se tornando multicultural, é essencial descobrir processos que contribuam para a adaptação resiliente em indivíduos de diversas culturas, etnias e raças, através da possibilidade de se implementar diversas estratégias de intervenção levando em conta esses fatores.

BIBLIOGRAFIA
GARCIA, Isadora, Vulnerabilidade e Resliência, in Adolesc. Latinoam., v.2 n.3, Porto Alegre, abril 2001;
INFANTE, F., A Resiliência Como Processo: uma Revisão da Literatura Recente, in
MELILLO, A. et all, Resiliência, Descobrindo as Próprias Fortalezas, Editora Artmed, Porto Alegre 2005;
LUTHAR, S., CICCHETTI, D., The Construct of Resilience: Implications for Interventions and Social Policies, in Dev Psychopathol., 12(4):857-885, 2000;
MASTEN, Ann S., Ordinary Magic: Resilience Processes in Development, in American Psychologist, March, 2001;
YUNES, M., SZYMANSKI, H., Resiliência: Noção, Conceitos Afins e Considerações Críticas, in TAVARES et all, Resiliência e Educação, Cortez Editora, São Paulo, 2002, 3ª ed.

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