Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

domingo, 22 de novembro de 2009

Isso é um pouco do que escrevi sobre o cuidado de ao se pesquisar resiliência de rotular o pessimismo como um traço que indique não resiliência.

terça-feira, 3 de novembro de 2009


Estudo levanta a polêmica: pessoas mal humoradas e tristes podem ter uma melhor memória e tomar decisões de forma mais prudente. E agora?

Direto da redação do Jornal Hoje:

Pessoas mal-humoradas são mais atentas

Um estudo mostra que pessoas mal-humoradas conseguem ser mais atentas, podem ter uma memória melhor e tendem a tomar decisões mais prudentes.

Lília Teles - Nova York

A pesquisa desafia o senso comum. É difícil acreditar que um pouco de mau humor e tristeza podem até fazer bem.
A pesquisa enche a bola dos rabugentos. O estudo diz que as pessoas mais negativas, que têm sempre o pé atrás, desconfiadas, têm uma capacidade de análise maior e conseguem pensar mais claramente. Ao contrário daquelas pessoas muito alegres, muito flexíveis, os mais amargos têm mais facilidade para tomar decisões e são menos ingênuos. O estudo foi conduzido por um professor de psicologia de uma universidade australiana, Joseph Forgas.
Ele observou voluntários que assistiram a diferentes filmes e também falaram sobre passagens positivas ou negativas da vida de cada um, para ver se isso os deixava de bom ou de mau humor.
Depois os participantes discutiram assuntos variados e descreveram eventos que tinham testemunhado.
A conclusão da pesquisa é que enquanto um estado de ânimo positivo facilita a criatividade e a cooperação, os mal humorados cometem menos erros e são melhores comunicadores porque são mais cautelosos com os julgamentos e prestam mais atenção ao mundo externo, ou seja, nem sempre é bom estar de bom humor. Às vezes, euforia demais atrapalha.
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1152936-7823-PESSOAS+COM+MAUHUMOR+SAO+MAIS+ATENTAS,00.html

O que tenho percebido pelas chamadas desses cursos de resiliência na administração (provavelmente ministrados por profissionais de RH) é uma enfatização exagerada nas características individuais das pessoas, com afirmações sobre sucesso e fracasso baseadas unicamente no esforço individual, o que perigosamente pode levar à rotulação de sujeitos de sucesso e de fracasso simplesmente por seus esforços pessoais.

No entanto, o que estudos sérios sobre resiliência (principalmente por parte de profissionais da psicologia do desenvolvimento e psicologia social) têm demonstrado é exatamente a sobrepujança dos aspectos ambientais e sociais sobre os traços individuais para a superação das adversidades. Ou seja, o indivíduo forte sozinho não dá conta de se tornar resiliente se o ambiente não lhe for favorável: características individuais, tais como alta inteligência, locus de controle interno, boa capacidade de enfrentamento (coping) e temperamento descontraído tendem a ser menos influentes do que os aspectos do ambiente na promoção e manutenção da resiliência.

Para ilustrar, crianças com altos recursos pessoais apresentando riscos múltiplos podem manifestar mais problemas ao longo do tempo que crianças com baixa eficácia pessoal e economicamente favorecidas, apontando que os efeitos negativos de um meio ambiente desfavorável (principalmente em termos familiares) parecem ser fatores mais fortes para o sucesso da criança em uma idade específica do que as características de sua personalidade. Quando os fatores de proteção em torno da criança são menores que os fatores de risco, mesmo a criança mais resistente acaba desenvolvendo problemas e/ou adoecendo.

Portanto, nesses cursos voltados para profissionais de administração, ao se falar em superação das adversidades, deve se focar não somente em suas características individuais, mas principalmente na qualidade do ambiente em que esses profissionais vivem.

(Saiba mais: Resilience and Vulnerability: Adaptation in the Context of Childhood Adversities, Edited by Suniya S. Luthar, Cambridge University Press, 2003, capítulos 3, 4, 9, 14, 15, 16 e 21)
Em uma dinâmica usada para trabalhar vulnerabilidade à infecção pelo HIV junto a jovens de 15 a 21 anos que compõem um grupo de formação da Rede Cultural Beija-Flor, em Diadema, São Paulo, fiquei espantado ao perceber em suas falas que mesmo instituições que deveriam promover fatores de proteção não são vistas por eles como funcionando dessa forma.

A igreja, por exemplo, foi apontada como trazendo proteção, mas também como colocando esses jovens em risco. Não apontaram claramente o porquê disso, mas parece que ao limitá-los em seus movimentos e em suas crenças acaba diminuindo a proteção que deveria dar.

A escola foi apontada como oferecendo mais risco que proteção, pelo ambiente de perigo que ela representa, com episódios freqüentes de violência. O mesmo acontece com a família, onde a violência, principalmente pelo uso de bebida alcoólica, se faz presente.

Instituições que foram apontadas como protetoras são, por outro lado, pouco freqüentadas por eles, como posto de saúde, centro cultural e ginásio esportivo, ou porque acham que não precisam desses lugares ou porque o acesso a eles é ainda restrito.

Nesse sentido, esses jovens parecem se apresentar bastante vulneráveis à infecção pelas DST/aids, gravidez na adolescência e violência física e psico-social. Ao mesmo tempo não conseguem por enquanto reconhecer formas de buscar outros fatores de proteção que compensem os riscos que os ameaçam.

Vídeo palestra de Cyrulnik