Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

CONSTRUÇÃO DE RESILIÊNCIA NO PROCESSO EDUCATIVO FORMAL

Educar não é uma tarefa das mais simples, principalmente quando a mensagem que se transmite para essa finalidade não é clara, sustentada e contextualizada. Paulo Freire mostrou muito bem isso no seu ensino. Nesse sentido, o educador precisa se despojar: de seus preconceitos, de sua sabedoria, de seus achismos, mesmo de seus cientificismos. Ele precisa se abrir para uma nova criatura que aporta com seu desejo de aprender e descobrir o mundo. Sim, o professor é um porto, com suas regras, suas formalidades; mas também é um mundo novo, servindo apenas de ancoragem, sabendo que o educando veio e também irá partir no momento oportuno.

Educar um jovem é tarefa ainda mais complicada, pois ele já possui algo firme e constituído, sua personalidade está a meio caminho de torná-lo que é ou quer ser, seu raciocínio é lógico e abstrato, ou seja, age, mas também reflete. Porque reflete, questiona, causando mal estar quando se opõe à autoridade instituída (à instituição escolar, ao diretor, ao professor, ao inspetor, às vezes a outros colegas). Sim, o jovem é bastante competente para se opor à autoridade, ao mesmo tempo em que pede um pouco de ordem. Como reagir da forma como ele deseja?

Mesmo criticando e questionando o saber que se lhe outorga, o jovem costuma aceitar desafios. Isso é importante, pois a partir desse ponto podemos desafiá-lo a construir algo positivo, a buscar seu próprio conhecimento, a estabelecer regras que se coadunem com as da autoridade, aprendendo a negociar, a se posicionar politicamente, a questionar de forma amadurecida.

Essa oportunidade de investimento deve ser oferecida a todos os jovens, independentemente de seu interesse, de seu grau de inteligência, de seu grau social, de sua referência de contexto. Assim, não se deve abandonar os jovens que não amadurecem de acordo com o pré-estabelecido, ou aqueles muito sofridos, que muitas vezes achamos que não renderá como queremos, pois negativamos algumas situações, como estado de pobreza, miséria afetiva, família desestruturada e adicções sem fim, dando o jovem por perdido.

Volto a reforçar a importância do professor como alguém que pode reconhecer as potencialidades dos jovens e focar sua atuação nesses pontos positivos, pois eles podem apontar para a capacidade desses jovens de superação de suas dificuldades, mostrando que eles possuem resiliência e que esta pode ser promovida no campo da educação formal. Nesse sentido, os professores podem se tornar tutores de resiliência, fomentadores de descobertas e ações que tornem seus educandos vencedores, não só na área da educação, mas também na afetiva, tornando-os aptos para a vida, adaptando-se em sua sociedade (limpando todo o ranço ideológico que podem conter as palavras “vencedor” e “adaptação”).

Sabemos o quanto pode ser complicado o professor ir além do papel de quem ensina, tornando-se um educador para a vida. Em muitos contextos ele pode se perder entre ser um representante da lei (com conhecimentos, regras, punições e controlador do tempo) e um elo entre o educando e a sociedade. Mas ser um educador, melhor ainda ser um tutor de resiliência, permite que entre em contato afetivo com esses jovens, perceba suas necessidades e suas potencialidades e seja uma ponte para o crescimento deles.

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