Definition of resilience

"In the context of exposure to significant adversity, resilience is both the capacity of individuals to navigate their way to the psychological, social, cultural, and physical resources that sustain their well-being, and their capacity individually and collectively to negotiate for these resources to be provided in culturally meaningful ways" (www.resilienceproject.org)

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

 

                           Fatores protetivos em resiliência

Em seu livro Poverty and children’s adjustment, de 1999, Suniya S. Luthar, cita um modelo produzido em 1996 que leva em conta oito grandes constructos que afetam o desenvolvimento de uma criança:

1-Variáveis de posição social, tais como gênero, raça e classe social

2-     Racismo e discriminação

3-     Segregação psicológica, econômica e social

4-     Ambientes promotores ou inibidores do desenvolvimento

5-     Cultura acolhedora (no caso de crianças que se mudam para culturas diferentes da sua)

6-     Características da criança, como idade, temperamento e aspectos físicos

7-     Valores e crenças familiares

8-     Desenvolvimento de competências, tais como cognição, aspecto sócio-emocional e adaptação a ambientes diferentes

Isso aponta para a questão de como a família e a comunidade onde se inserem essas crianças conseguem oferecer suporte não somente para a superação das adversidades enfrentadas por elas, mas também como trampolins para que elas possam ir além e consigam um desenvolvimento adequado para aquela família e comunidade.

Algumas pesquisas apontam que pessoas que tiveram sérios problemas em sua juventude e que tiveram apoio de adultos de confiança conseguiram um grau médio ou alto grau de resiliência na sua fase adulta. O que demonstra que ser escutado e receber retorno de quem escuta contribui de forma importante para a ressignificação das questões que aqueles jovens estavam passando, permitindo que dessem conta delas com certa tranquilidade.

Outros estudos apontam que bebês que percebem sons afetuosos vindo de seus pais e outros parentes apresentam menores chances de adoecerem ou de terem problemas psicológicos futuros. Isso demonstra que as palavras, seus timbres, tons, acompanhadas de outros gestos de quem fala com essas crianças, tem a possibilidade de transmitirem afetos e atenção. 

Muitas vezes a família e a criança precisarão do apoio de um psicanalista ou psicólogo para ser apoiada na construção de um desenvolvimento saudável.

Para agendamento de consultas acesse: https://www.doctoralia.com.br/z/gh4jLA


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Resiliência e psicanálise

 

  


"Navegar é preciso, viver não é preciso"

No século I a.C., o general romano Pompeu encorajava seus marinheiros, aqueles receosos de enfrentar o mar, a seguir navegando, enfrentar o medo, inaugurando a frase “navigare necesse, vivere non est necesse.”

No século XIV,  o poeta italiano Petrarca transformava a expressão para “Navegar é preciso, viver não é preciso.”

“Quero para mim o espírito dessa frase”, escreveu depois Fernando Pessoa, confinando o seu sentido de vida à criação e tornando-a memorável. Caetano Veloso depois a cantou, numa melodia inebriante como as ondas dos mares.

Navegar tem precisão se se segue os instrumentos de navegação, navegar com técnica.

A vida, no entanto, parece ser imprecisa, deixa-se viver, deixando a vida nos levar. Não existe cartilha para se viver, mas é possível também encontrar instrumentos para tornar a vida mais precisa.

Viver simplesmente não rende, é preciso viver navegando, conhecendo os mares, as tempestades, sobreviver e crescer.

 Navegar é experimentar, explorar, se arriscar, enfrentar os mares da nossa história pessoal.

Navegar, então, tem a ver com resiliência. Encontrar a nave mais potente e segura, a tripulação mais experiente, tentar escolher os mares mais calmos. Isso exige sabedoria. E o círculo se redobra, pois sabedoria se obtém experimentando, criando. Ou seja, não há outra forma de crescer senão em meio a algum sofrimento, sofrimento por existir e navegar.

Mas dependendo da intensidade das tempestades, nossa vida pode ficar pelo caminho e nossa navegação não nos leva a um destino certo.

Histórias intensas que vivemos podem sobrecarregar nossa capacidade de lidar com os traumas resultantes delas.

Uma solução possível é falar desses traumas, desses momentos intensos, falar a quem nos escute profissionalmente e aponte os caminhos e as pontes por onde possamos continuar a navegar de forma resiliente.

Um psicanalista consegue escutar o que de nossa história nos entrava e nos auxilia a nos destravar, a retomarmos o caminho da resiliência.

Tarefa a dois, a análise é um trabalho árduo, exigindo que um fale tudo o que é possível de ser falado, e que o outro escute o dito e o não dito, o dito no não-dito, as entrelinhas de um discurso que recoloquem nossa vida nos trilhos, melhor ainda, sobre as ondas dos mares.

 

 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

 

Enlaces possíveis entre resiliência e psicanálise - 1

Reginaldo Branco da Silva – Psicanalista lacaniano

 



A resiliência veio da física e a psicanálise veio da psicologia.

A resiliência trabalha com o trauma e a psicanálise começou com o trauma, ou pelo menos foi isso o que Freud inicialmente escutou das histéricas.

O trauma da resiliência geralmente se dá pela sobrecarga que vem de fora ou de dentro e que transborda a capacidade do indivíduo lidar com essa situação, levando ao adoecimento. O trauma da psicanálise também estava relacionado (teorização no Projeto para uma psicologia científica, de 1895, que Freud abandonou e que depois foi sendo diluída em outros textos) a uma sobrecarga tanto no neurônio phi (ligado ao exterior) quanto no neurônio psi (limitado ao interior do corpo), o que poderia desencadear sintomas físicos (conversões histéricas) e psíquicos (neuroses de angústia).

A resiliência foi encampada pela psicologia, principalmente por uma psicologia chamada positiva. A psicanálise saiu da psicologia e se distanciou cada vez mais dela.

Em que momento a resiliência pode ter cruzado com a psicanálise?

 Não faz muitos anos que psicanalistas começaram a discursar sobre resiliência. Penso que isso começou fortemente na França e acabou caindo na América Latina.

 Inicialmente apenas como aportes teóricos, posteriormente surgiram interrogações da aplicação clínica do conceito. Mas como diferenciar essa aplicação analítica do tratamento realizado pela psicologia dos traumas vivenciados, principalmente do que se costumou chamar de estresse pós-traumático?

 Possivelmente seja possível aportar a esse enlace entre resiliência e psicanálise alguns conceitos desta como sublimação, defesa, pulsão de morte, mas não se pode simplesmente jogar com eles, simplesmente relacionando-os com o conceito de trauma e recuperação da teoria da resiliência, por exemplo.

 SEGUE....